sábado, 28 de julho de 2012

O TRABALHO NO TRÁFICO DE DROGAS


Fiz um ensaio sobre outro tema, um tema mais “leve”,  percepções do cotidiano, mas acho que vou deixá-lo para outra oportunidade, porque há um assunto que há uma semana está literalmente martelando em minha cabeça desde quarta-feira passada, dia  8 de junho. 
Nesta data, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente junto com o Quarto Distrito Policial fez uma operação no conhecido “Beco do Beijo”, Camobi, com o objetivo de apreensão de drogas, armas e objetos furtados.  A DPCA envolveu-se na investigação porque tínhamos notícias da participação de muitos menores nos delitos cometidos na área. Assim, a operação resultou com três presos maiores de idade, por tráfico, receptação, receptação/posse ilegal de arma de fogo e,  com um menor de 13 anos de idade, foram apreendidas 13 pedras de crack.  O menino, quase criança,  confessou que “vendia” a droga, é usuário e provavelmente trafica para sustentar o vício.
Olhando o menino desajeitado, de cabeça baixa, que presta depoimento em um dos cartórios da Delegacia de Policia percebo que tudo falhou. A família falhou, a educação falhou, o Estado falhou e restou ao “pequeno traficante”,  em uma manhã fria, prestar depoimento em uma repartição policial.  O menino, sentado, está acompanhado da mãe, presente e omissa, ausente, indiferente(?). Esse garoto foi pego dormindo do lado de fora do barraco da família, com outro adolescente, e provavelmente não sentiu os efeitos do frio devido à ação docrack.  
Pergunto à mãe se ela sabia que filho estava dormindo do lado de fora da casa, ela responde que sim, “faz dias”, mas “ele preferiu assim”.  Ao garoto é dito que provavelmente vai ser internado, já que ele  esteve envolvido  em outras ocorrências policiais e ele responde que não se importa, que prefere porque está “cansado de ficar na rua”.
Meu Deus! Não tem como não deixar a todos na sala perplexos, um menino de 13  anos  que dorme ao relento e prefere não ter mais liberdade porque está cansado da vida que leva, provavelmente das dificuldades, da pressão do traficante maior. Pergunto o que estamos fazendo com nossas crianças e adolescentes? O que cobrar de uma mãe omissa, ausente, que parece não ter muito a dar nem a ela mesma (fruto também de ausências); uma mãe com deficiência de valores em uma sociedade também deficiente de valores.
crack é  um problema de extrema gravidade, de saúde pública, que exige medidas enérgicas, urgentes, do qual decorrem inúmeros outros problemas como roubos, furtos, homicídios, tráfico, etc. Ao traficante, prisão e talvez penalidades devam ainda ser mais rígidas e diferenciadas para os que usam crianças e adolescentes como instrumento de sua cobiça.
O menino/criança, que enquanto prestava depoimento na delegacia preocupava-se com o jogo de futebol que tinha combinado, e tantos outros meninos do “Beco do Beijo” e de tantos outros becos de nosso imenso Brasil, precisam  de atenção, de políticas públicas efetivas, de vontade política, além dos palanques eleitorais, precisam que a lei seja cumprida! 



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